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É seguro viajar de avião no meio da pandemia do CoronaVírus?

07 de Maio de 2021 - Tempo de Leitura:


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É seguro viajar de avião no meio da pandemia do CoronaVírus?

Com o fechamento das fronteiras aéreas de vários países, as viagens domésticas continuam sendo a melhor alternativa para a maior parte dos brasileiros. 

Ainda assim, muitas pessoas tem dúvidas sobre o risco de contágio de COVID ao pegar um voo, e têm preferido viajar para destinos mais próximos, que podem ser acessados de carro. 

Realmente, à primeira vista, a ideia de passar horas dentro de um tubo de alumínio com ar pressurizado, com várias pessoas muito próximas, parece ir contra todas as recomendações de distanciamento social e de evitar lugares fechados que ouvimos com tanta frequência. 

Contudo, estudos científicos revelam um quadro diferente. Na verdade, andar de avião pode ser mais seguro do que atividades corriqueiras, como ir ao mercado fazer compras.

Foi a conclusão a que chegou um estudo da conceituada Universidade de Harvard, divulgado em outubro de 2020. Nele, os pesquisadores constataram que os sistemas de filtragem à bordo da aeronave são efetivos a ponto de eliminar 99% das partículas virais à bordo, tornando a atividade de viajar de avião, de acordo com o estudo, mais segura do que ficar na fila do mercado para fazer compras ou sair para comer fora num restaurante.

Conclusão similar foi a que chegou um estudo do Departamento de Defesa norte-americano. Mais sobre os estudos pode ser lido aqui e aqui (em inglês). 

Essa qualidade do ar respirado advém da forma como o ar é filtrado dentro dos aviões.

É seguro viajar de avião no meio da pandemia do CoronaVírus? - Foto: Orna Wachman por Pixabay 

O ar em altitude de cruzeiro é rarefeito (sem densidade suficiente de oxigênio para ser respirável), mas contrário do que muitos imaginam, o avião não tem tanques de oxigênio à bordo (com exceção daqueles usados para as máscaras de emergência num evento de despressurização, mas que tem capacidade de poucos minutos).

Em razão disso, os engenheiros foram bastante inteligentes para permitir que tenhamos ar limpo e respirável nas alturas. As turbinas do avião funcionam como grandes compressores de ar, e parcela deste ar comprimido (e, portanto, mais denso, tornando-o respirável) é extraído das turbinas para os porões da aeronave onde, após ter sua temperatura condicionada, é misturado ao ar que é sugado da cabine, e passa por filtros de alta eficiência (os conhecidos HEPA filters).

Esta combinação de ar fresco vindo de fora (a partir das turbinas) com os filtros de alta eficiência acabam tornando o ar dentro da aeronave bastante limpo, com índices de renovação de 20 a 30 vezes por hora, que é maior do que o que se observa em restaurantes ou mercados por exemplo. 

Isto significa que a cada 2 ou 3 minutos todo o ar da cabine é renovado por completo, e tendo passado por filtros de altíssima eficiência. 

Uma matéria recente do New York Times apresenta várias animações em 3D explicando o passo a passo de como esse complexo sistema funciona, e você pode conferir aqui (em inglês).

Na matéria, cientistas usaram modelagem computacional para estudar como um espirro espalha partículas virais dentro de um avião, e verifica-se que as partículas ficam restritas a poucas fileiras de assentos, sendo recolhidas em cerca de 50 segundos pelo sistema de filtragem. 

Mas calma. O assunto é bastante sério para conclusões precipitadas. 

Ao mesmo tempo em que a tecnologia dos aviões permite um ar bastante saudável dentro da cabine, os pesquisadores apontam que há grande risco de contágio nos aeroportos, especialmente nas filas para passar pela segurança e nos lounges de espera.

Afinal, são ambientes fechados e climatizados, e que não contam com toda essa taxa de renovação de ar e nem com filtros de alta intensidade.

Portanto, deve-se ter cautela extrema nos aeroportos, inclusive ajustando-se o horário de chegada para que se possa permanecer o menor tempo possível. 

Além disso, dentro dos aviões, há várias situações que impõem um risco enorme, como o momento do embarque e desembarque, onde os passageiros não costumam guardar qualquer distanciamento e respiram muito próximo uns dos outros.

Por isso, os pesquisadores afirmam que é essencial manter máscaras N95 a todo momento. Embora em voos mais longos seja difícil não ter que se hidratar ou se alimentar, a melhor indicação é, se possível, evitar tirar a máscara a qualquer momento, sobretudo em voos mais curtos (como, por exemplo, nos voos domésticos).

Aproveite para ler: Coronavírus e a retomada do turismo nacional 

Os artigos também indicam que há um risco bastante acentuado nos lavatórios das aeronaves, pelas próprias características destes espaços. E embora não existam muitos casos de super spreaders (múltiplos contágios tendo por origem um único paciente infectado) documentados em voos.

Sobre o assunto, a própria CDC norte-americana (Center for Disease Control) alerta que viajar de avião aumenta, sim, o seu risco de contágio, já que "a viagem aérea requer passar tempo em filas de segurança e terminais de aeroporto, o que implicam contatos pessoais mais próximos e com superfícies tocadas com frequência. A maior parte dos vírus e germes não circula facilmente nos voos em razão da forma como o ar circula e é filtrado nos aviões. Porém, distanciamento social é difícil em voos lotados, e você provavelmente sentará perto de outras pessoas (a menos de 2 metros), algumas vezes por horas, o que aumenta seu risco de exposição à COVID" (fonte). 

Assim, ao contrário do que muitos imaginavam, o ar dentro da cabine pressurizada do avião não representa riscos maiores de contágio de COVID do que aqueles que encontramos em atividades do dia a dia, tendo em vista a alta tecnologia de filtragem e o elevado índice de renovação do ar durante o voo.

É seguro viajar de avião no meio da pandemia do CoronaVírus? - Foto: freepik

Porém, ao viajar de avião, é necessário extremo cuidado com o antes, durante e o depois: ajuste o horário de chegada ao aeroporto para lá permanecer o menor tempo possível; mantenha sua máscara N95 no rosto durante todo o tempo, evitando, se possível, até mesmo consumir refeições no aeroporto ou no avião.

Evite ainda a utilização dos lavatórios durante o voo e atente-se para manter o maior distanciamento possível nos momentos do embarque e do desembarque dentro da aeronave; por fim, ao chegar no destino, remova as roupas utilizadas no voo e tome um banho para aumentar ainda mais a sua segurança.

Leia também: Coronavírus e o turismo: O impacto para o Aluguel de Temporada

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