Que a cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, é um lugar mágico com paisagens deslumbrantes, todo mundo sabe. Porém o lugar também reserva ótimas atividades que fazem a adrenalina aumentar. São ótimas trilhas em meio a mata, passeios de bote pelo rio com direito a quedas d'aguá e até o maior rapel em negativo do Brasil! Sim, isso mesmo. O maior rapel em negativo do Brasil, com 90 metros de altura.
Esse rapel está localizado dentro do parque Boca da Onça, que possui uma das mais extensas trilhas de Bonito-MS. O TemporadaLivre que adora uma aventura, se arriscou no rapel e agora conta tudinho para vocês. Bora lá?
O que é rapel em negativo?
Mas afinal, você sabe o que é rapel em negativo? O rapel em negativo é feito de forma suspensa, sem o apoio dos pés nas rochas. O suporte é feito por uma corda e pelo equipamento que envolve sua cintura e pernas, formando uma espécie de cadeirinha em que você se apoia para fazer a descida.
No parque Boca da Onça, o rapel é feito desta forma para evitar a erosão e o desmoronamento dos barrancos, já que a as formações calcárias das rochas podem sofrer desgastes. Para dar acesso ao abismo por onde é feito a descida, o parque construiu uma plataforma que adentra 15 metros pelo precipício. A aventura é muito segura e pode ser feito com crianças a partir de 12 anos.
Treinando a descida de Rapel
A aventura do TemporadaLivre começou bem cedinho. Antes das 7h já estávamos no receptivo do parque. Ao chegarmos no local, fomos orientados pela equipe da recepção e ficamos aguardando, pois passaríamos por um treinamento. E assim, logo depois, fomos chamados para iniciar esse pequeno treinamento.
De início, os guias e técnicos explicam como funcionam o equipamento de segurança e como será realizada a descida, passando item a item e indicando qual a finalidade de cada um. Ali, você sente-se mais seguro, embora a adrenalina ainda corra pelas veias.
Logo depois, começamos a vestir o equipamento de descida e segurança. O equipamento inclui a cadeira de apoio, capacete, cordas, luvas e outros itens de segurança. Logo depois, subimos uma plataforma de treinamento com 12 metros de altura. Embora bem menor do que os 90 metros que nos espera, já é possível ter uma ideia de como será a aventura. Subimos a plataforma e eu fui a primeira a descer. Ficamos na ponta da plataforma e abaixo de nós há um alçapão que dá acesso ao abismo. Você deve ficar com um pé em cada borda do alçapão e assim, depois de aberto, você inclina seu corpo para trás, apoiando-se nessa espécie de cadeirinha formada pelo equipamento de segurança, depois, só suspender os pés! Pronto, você já está suspensa no ar.
Dica importante! Para fazer o rapel, o mais indicado é utilizar leggings ou bermudas até o joelho, pois o equipamento de segurança é passado pela sua cintura e pernas. Com esse tipo de vestimenta, você evita se machucar devido o atrito das cordas e do equipamento em sua pele.
Ali começou a pequena descida de 12 metros. Assim, você consegue treinar a forma correta de abrir o mosquetão para deixar a corda correr, a forma correta de deixar os pés, como manter a corda esticada corretamente e assim por diante. O treinamento é bem fácil e te tranquiliza, mas eu não via a hora de descer os 90 metros e apreciar a paisagem de lá de cima. Após todos realizarem o treinamento, partimos para o local principal.
Descendo o Rapel
Para chegar até o cânion onde foi construída a plataforma, o parque disponibiliza uma van. Assim, você é transportado até o ponto de inicio do rapel. O passeio é curto, mas a ansiedade só aumenta. Chegando lá, os treinadores repassam as informações importantes e começam a preparar a descida. O visual que você tem da plataforma já é deslumbrante. Desse ponto, é possível ver grande parte do parque e você fica encantado com tanta beleza. Depois, o equipamento de segurança é checado novamente e então, você é ligado a corda principal. Agora não tem como fugir.
Embora o treinamento seja individual, a descida pode ser feita em dupla. Assim, decidimos eu e meu companheiro descermos juntos. Conforme orientado, ficamos um de frente para o outro, com os pés nas bordas do alçapão. Quando a porta é aberta, você vê aquele precipício enorme bem abaixo de você! São 90 metros de queda livre até a plataforma de "aterrissagem". A sensação é maravilhosa!
Depois, você se sustenta na cadeirinha de apoio, assim como no treinamento, entrelaçando a sua perna com a de quem está a sua frente. E a aventura começa. Ao descer poucos metros, você já começa ter a sensação de liberdade e então passa a aproveitar o passeio para valer. Ali, a ansiedade vai embora e você só quer curtir aquele momento o máximo possível. Você tem uma visão privilegiada do parque, vendo inclusive uma parte da cachoeira Boca da Onça, que dá nome ao parque.
A descida é rápida, mas indescritível. Ao chegar na plataforma lá embaixo, a única coisa que você quer fazer é subir tudo de novo para descer mais uma vez. Porém, para nós, a aventura ainda não tinha acabado. Ainda iríamos realizar a trilha pelo parque.
A trilha pelo Parque Boca da Onça
Depois da descida de rapel, a equipe desce a nossa mochila pela corda, pois não podemos levar nada conosco durante o rapel, inclusive aparelho fotográfico, somente se tiver suporte para capacete. Assim, depois de pegarmos a mochila, ficamos aguardando um grupo que estava iniciando a trilha chegar até o ponto de encontro em que estávamos. Poucos minutos depois, avistamos o grupo. A guia que se apresentou e assim continuamos o caminho.
Fizemos a trilha "descendo", ou seja, é a trilha que inicia-se no ponto mais alto e então começa a descer pelo território. Apenas no final é que possui alguns pontos de subida, porém nada muito pesado. Já quem inicia a trilha a partir do outro lado, pega grandes trechos de subida no final do trajeto. O total do trajeto possui 4 km.
Assim, seguimos o caminho, passando por trechos de pedras, plataformas de madeira e algumas partes escorregadias devido a vegetação molhada. Por isso, é muito importe estar de sapatos com solado de borracha e que se firme bem aos pés. A primeira parada foi na cachoeira Boca da Onça. O lugar é muito bonito, com uma enorme queda d´água formando uma pequena lagoa. Ficamos ali alguns minutinhos e nos refrescamos nas águas. A cachoeira tem esse nome pois dizem que as rochas formam uma imagem de uma boca de uma onça. Confesso que até agora estou procurando essa tal boca.
Depois, seguimos o trajeto e realizamos diversas paradas para banho em diferentes e maravilhosos rios e cachoeiras pelo local. Algumas cachoeiras são muito fundas, portanto, o uso de colete salva-vidas para quem não sabe nadar é fundamental. Muitas delas também possuem cordas para facilitar e guiar o passeio na água.
A cada parada você se encanta ainda mais com o visual do lugar. Algumas cachoeiras são proibidas para banho, pois os degraus foram se formando com a junção de material orgânico, ou seja, folhas, galhos e a própria água vão solidificando e transformando aquele material em calcário, porém, esse material é muito frágil e pode se desmanchar com o peso. Mas a vista é magnífica.
Um dos locais mais interessantes é a cachoeira Buraco do Macaco. O local é, como o próprio nome diz, um buraco, formando uma espécia de "panela" por onde a água escorre para dentro da caverna. Na lateral há uma pequena passagem por onde é possível entrar e acessar o meio dessa "panela".
Essa passagem é bem pequena, sendo que grande parte do seu corpo fica submerso, somente a cabeça fica fora d'água. Mas se você não sabe nadar, calma! É bem fácil passar. É só colocar o colete salva-vidas e guiar-se pela corda de apoio que foi fixada do início da abertura até a outra extremidade da caverna. Eu que sou bem medrosa com água e não nado muito bem, entrei sem problemas. O visual de lá de dentro é indescritível. Como é escuro, a luz que incide pela abertura deixa a água ainda mais translúcida, com um azul-piscina maravilhoso.
Depois de mais algumas caminhadas e paradas de banho chegamos a um centro de apoio. É um local onde você pode comprar água, bebidas e alguns lanchinhos. Também tem telefone e atendimento médico, caso necessário. Neste ponto é possível encerrar a caminhada, pois mais alguns metros chega-se ao receptivo. Porém, para quem quiser continuar, há uma caminhada de mais ou menos duas horas pelo restante da trilha mata adentro. O nosso grupo acabou se dividindo. Alguns decidiram parar por ali, enquanto outros continuaram o passeio. Nós continuamos.
Depois de mais algumas caminhadas e paradas em cachoeiras deslumbrantes, chegamos ao final do passeio. Durante o trajeto você também pode encontrar alguns animais e muitas aves silvestres. Vimos tucanos, araras, garças e diversos macaquinhos. A guia também nos apresentou algumas espécies de árvores e plantas nativas. Quando chegamos ao receptivo, às 14h, um enorme banquete nos aguardava. O almoço estava sensacional, com vários tipos de massas, carnes, saladas e muita coisa gostosa. Ah! o valor do almoço já está incluso no pacote.
Depois do almoço bateu aquela moleza. Então fomos descansar na parte exterior do receptivo. Ali tem uma piscina de água de rio com alguns bancos e guarda-sóis para você descansar. Também há alguns tanques de peixes com diferentes espécies. Ficamos ali por um tempo, curtimos a piscina e aproveitamos o dia. Ao final da tarde, uma enorme chuva começou a surgir e decidimos voltar para nossa hospedagem.
Ao final do passeio estávamos cansados, mas maravilhados com tudo que vimos. Desde a descida do rapel, até o trajeto da trilha com os banhos de cachoeira, são passeios que valem a pena cada segundo. Portanto, recomendamos que, ao visitar Bonito-MS, conheça o lindo parque Boca da Onça e tenha a sensação de liberdade ao descer pelo rapel. Com certeza será uma experiência que você jamais vai esquecer.
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